Colégio de S. Paulo sede da AAC em 1913 |
O
dia 20 de Junho de 1974 foi, provavelmente, o dia mais negro da história do
futebol da Académica. Uma Assembleia Magna da AAC. manipulada por pseudo-revolucionários
decidiu extinguir a Secção de Futebol com o argumento de que esta não
funcionava de acordo com os princípios do amadorismo que regulavam as restantes
secções.
Após
dois meses de reuniões, manifestações, recursos e as mais variadas pressões
sobre o poder político da altura e sobre os órgãos jurisdicionais da FPF, a 17
de Agosto de 1974 o Conselho Superior de Justiça da FPF revoga as suas decisões
anteriores e aceita o Clube Académico de Coimbra (CAC) como legítimo sucessor da
extinta Secção de Futebol da AAC, com os inerentes direitos desportivos.
Dez
anos mais tarde, na noite de 24 de Julho de 1984, é assinado um protocolo pelo,
então, Presidente da Direção Geral da Associação Académica de Coimbra, Ricardo
Roque e pelo Presidente do CAC, Jorge Anjinho, que previa a extinção do
CAC. e a sua integração na AAC. com o estatuto de Organismo Autónomo.
Neste
documento pode ler-se que “o Organismo Autónomo de Futebol procurará continuar
a obra da antiga Secção de Futebol da AAC quer na alta competição do futebol
quer na formação social dos seus atletas”.
Estava,
assim, reparada a enormidade cometida dez anos antes e consumado o regresso da
Académica – Futebol à “Casa-Mãe”.
No
entanto, logo a seguir à extinção da Secção de Futebol em Junho de 1974 um
grupo de estudantes reorganizou a extinta Secção de Futebol com o objectivo de
se dedicar ao desporto amador, particularmente ao desporto universitário.
Surge,
assim, a Académica – S.F. que no início da década de 80 acaba por se inscrever na
Associação de Futebol de Coimbra o que lhe permite começar a disputar provas
federadas, o que acontece, pela primeira vez, na época de 81-82 em que
participa no Campeonato Distrital de Coimbra da 3ª divisão.
Actualmente
a S.F. lidera a Divisão de Honra da A.F.C. estando em posição de subida ao
Campeonato Nacional de Seniores (antiga 3ª divisão nacional) e os Sub-23 do OAF
disputam, também, a Divião de Honra encontrando-se em 5º lugar.
Na
minha opinião não é compreensível que dois clubes disputem a mesma competição, Divisão
de Honra da AFC, utilizando o nome e o símbolo da mesma instituição, a
Associação Académica de Coimbra.
No
entanto, mais grave do que assistir aos Sub-23 do OAF contra a S.F. é ver
miúdos e jovens dos escalões de formação confrontarem-se (e de que maneira!)
envergando a mesma camisola com o mesmo símbolo. Esta rivalidade que começa nos
escalões de formação e se estende aos pais e familiares terá, inevitavelmente,
consequências, a médio e longo prazo para a própria instituição.
Algo
está, profundamente, errado que é necessário corrigir.
Não
vale a pena chorar sobre o leite derramado porque o passado é história e a
história não se repete. Naturalmente que interessa reflectir sobre o passado,
mas o que verdadeiramente importa é encarar o presente tal como ele se nos
apresenta e perspectivar o futuro.
A
resolução deste problema implica uma visão abrangente sobre a Académica, um
espirito aglutinador e mentalidades abertas e dialogantes.
Quando
foi publicada a legislação sobre os clubes satélites a direção da Académica-OAF
presidida por Mendes Silva tentou que a Seção de Futebol se transformasse num clube-satélite do OAF. Após várias reuniões entre a SF e o OAF a proposta foi
rejeitada pela SF com o argumento de que o seu regulamento interno não permite
a utilização de jogadores que não sejam estudantes ou ex-estudantes universitários.
Regulamento “estranho”, quando é conhecido que outras Secções Desportivas da AAC,
nomeadamente basquetebol, andebol e rugby, utilizaram diversos atletas que
não eram nem estudantes nem ex-estudantes universitários, sendo muitos deles
atletas profissionais. Mais tarde, Campos Coroa retomou, sem sucesso, a ideia
do clube-satélite.
A
criação de um clube-satélite ou, então, de uma equipa B, qualquer das hipóteses
tendo por base a Secção de Futebol e pressupondo a integração dos sub-23 do
OAF, parecem-nos as soluções mais plausíveis e, provavelmente, menos polémicas.
Mais difícil, porque envolve aspectos financeiros, é encontrar uma solução
consensual para os escalões de formação.
Refundar
uma única Académica é um desafio para todos aqueles que sentem, vivem e têm
paixão pela Briosa. Não é tarefa fácil, mas com academismo, vontade de aglutinar
e espirito de diálogo será, sempre, possível encontrar soluções que satisfaçam as
partes envolvidas e, sobretudo, que prestigiem e dignifiquem a instituição
Associação Académica de Coimbra.
Estarão os principais protagonistas (OAF, SF,D.G.) à altura
deste desafio? Serão capazes de compreender 127 anos de história?
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