Não
é novidade para ninguém que a Académica/OAF atravessa uma situação financeira
muito delicada. Não é novidade hoje, como já não era a 12 Junho quando a actual
direção tomou posse.
Independentemente
das (muitas) responsabilidades que têm de ser imputadas à anterior direção,
independentemente dos eventuais “esqueletos no armário” que esta direção possa
ter encontrado, é absolutamente incontornável que as repercussões financeiras
da despromoção à 2º Liga, traduzidas por uma diminuição de 3,5 milhões a 4
milhões de euros nas receitas anuais, são, só por si, suficientemente gravosas
para gerarem uma situação financeira dramática.
A
intervenção que o Presidente da Direção fez na última Assembleia Geral em que
lançou graves acusações à gestão anterior pecou, em nossa opinião,
por não ter sido sustentada nos resultados de uma auditoria externa e por não ter apresentado um plano para a recuperação financeira da instituição.
As
suspeições que, ao longo dos últimos anos, se lançaram sobre anteriores actos
de gestão exigiam, para o cabal esclarecimento da actual situação financeira e
das suas causas, que se tivesse realizado uma auditoria externa. Os resultados
desta auditoria teriam desfeito as dúvidas que, eventualmente, pudessem existir
e, sobretudo, teriam sustentado e credibilizado as acusações feitas. Não
existindo resultados de uma auditoria todas as especulações são legítimas!
Se
a não realização de uma auditoria se pode (?) justificar por dificuldades
financeiras (uma auditoria custa dinheiro, mas não o valor que tem sido propalado) dificilmente se compreende e aceita
a ausência de um plano de recuperação financeira. Se, por acaso, existe os sócios
desconhecem e dele deviam ter conhecimento, porque não basta serem, apenas, confrontados com
pedidos de autorização para alienação do património da instituição.
Falhado o negócio da venda do passe do Pedro Nuno, a Direção solicitou
autorização para efectuar uma operação financeira denominada leaseback sobre
Academia Briosa XXI, que foi concedida na Assembleia Geral realizada no passado dia 23
de Setembro. Na altura os espíritos menos
optimistas duvidaram e questionaram sobre a exequibilidade desta operação,
argumentando que a Académica apenas é proprietária do edificado já que os
direitos sobre os terrenos cessam ao fim de 50 anos.
No
entanto, na opinião da Direção, esta objeção não teria fundamento, porque a
operação estava bem encaminhada e, apenas, faltaria a autorização da Assembleia
Geral para se poder concretizar.
Afinal,
como era previsível, a operação não foi autorizada pela instituição bancária
envolvida no negócio e por isso a Direção solicitou a convocação de uma nova
Assembleia Geral Extraordinária, que está marcada para o próximo dia 11, cujo
objectivo primordial é “Analisar,
discutir e votar a proposta da Direção para que lhe seja concedida autorização
para a alienação ou oneração de bens imóveis”.
Falhado
o negócio da Academia a Direção pretende, agora, alienar, em condições ainda
não conhecidas, o edifício da antiga sede do C.A.C. localizado nos Arcos do
Jardim, o único património da instituição disponível para este tipo de
operações dada a hipoteca do Pavilhão Jorge Anjinho e as condicionantes que
impedem a alienação da Academia.
Sem
um plano de recuperação financeira a Direção limita-se a alienar património
para resolver problemas de gestão corrente.
Mas,
se a venda do edifício dos Arcos do Jardim for concretizada, esgota-se o
património susceptível de ser alienado. E quando acabar a verba (700.000? 900.000
euros?) resultante desta venda, qual será o passo seguinte?
A Direção tem o
dever de responder a esta pergunta e os os sócios têm o direito de exigir, na
próxima Assembleia Geral, uma resposta clara, objectiva e inequívoca! Até porque
o equilíbrio da situação financeira da Académica passa, indubitavelmente, pelo regresso à
primeira liga e este objectivo está, a curto prazo, cada vez mais longe!
E quando acabar o património vendável
e esgotado o dinheiro das vendas, qual será a opção que se seguirá? Entregar a
instituição a uma Comissão de Gestão? Constituir uma SAD? Fechar a porta? E
quando acabar o património vendável e esgotado o dinheiro das vendas, qual será
a opção que se seguirá? Entregar a instituição a uma Comissão de Gestão?
Constituir uma SAD? Fechar a porta?