A
Académica vive momentos conturbados. Uma crise financeira grave, uma campanha
de recolha de fundos que foi um insucesso, salários de jogadores, técnicos e
funcionários que até ao princípio da semana estavam com dois e três meses de atraso,
resultados desportivos nada animadores na perspectiva de um regresso, a curto
prazo, à primeira liga, troca de acusações na praça pública entre a actual
Direção e o ex – Presidente, etc.
Tudo
isto é lamentável, confrangedor e, sobretudo, altamente desprestigiante para
uma instituição secular cujo passado não merecia tamanha desfeita.
Mas, como se tudo isto não
bastasse surgem, agora, dúvidas, interrogações e as mais diversas especulações
em torno da venda do imóvel dos Arcos do Jardim, antiga sede do PROCAC.
Deixemos as especulações (são tantas!) e analisemos, apenas, os factos.
Deixemos as especulações (são tantas!) e analisemos, apenas, os factos.
Comecemos
pelo episódio do mail da autoria de José
Eduardo Simões que foi enviado, por volta das 19 horas do dia 16 de Novembro, aos membros
do Conselho Académico.
O
seu teor não pode, em rigor, ser considerado como uma proposta de aquisição do
imóvel nem, muito menos, faz sentido dirigir a um órgão meramente consultivo
uma proposta deste tipo. Quanto muito e com alguma benevolência, pode admitir-se
que no meio de um texto longo e fastidioso é possível descortinar uma declaração
de intenção de compra do imóvel dos Arcos do Jardim.
Neste
particular esteve bem o Presidente da A.G. quando recusou pôr à discussão na
Assembleia, que se realizou um par de horas mais tarde, uma proposta que
formalmente não existia.
Entretanto,
na segunda-feira, dia 19, José Eduardo Simões entregou na sede da Académica uma
proposta formal para aquisição do imóvel oferecendo mais 50.000 euros que o valor da
proposta aprovada na A.G. de sexta-feira.
Nestas
circunstâncias qualquer cidadão, minimamente esclarecido, perguntará porque é
que José Eduardo Simões apenas efectuou uma proposta formal 72 horas depois de
a Assembleia Geral ter aprovado a venda do imóvel a um investidor “anónimo”,
quando dispôs de cerca de um mês para o fazer? Não terá sido mais uma manobra
de diversão para recuperar espaço mediático e criar um novo foco de instabilidade?
Por outro lado, da parte da
Direção a transparência, lamentavelmente, esteve ausente deste processo.
Desde
logo a metodologia utilizado foi, no
mínimo, amadora e grosseira.
Mandava, pelo menos, o bom senso (que é coisa que parece não abundar para os lados do Bolão) que as propostas tivessem sido entregues na Secretaria da Académica até uma data previamente definida (por exemplo a véspera da Assembleia Geral) em carta fechada com identificação do proponente.
Mandava, pelo menos, o bom senso (que é coisa que parece não abundar para os lados do Bolão) que as propostas tivessem sido entregues na Secretaria da Académica até uma data previamente definida (por exemplo a véspera da Assembleia Geral) em carta fechada com identificação do proponente.
Depois
desconhece - se
1) se o
preço inicialmente fixado pela Direção para a venda do imóvel, um milhão de euros, foi baseado numa
avaliação imobiliária credível;
2)
porque é que a Direção decidiu colocar à votação na A.G. uma proposta de venda do imóvel inferior
em 300.000 euros ao valor previamente fixado;
3) se a
Direção, como é usual em qualquer um que pretenda vender um imóvel, contactou
alguma agência imobiliária visando colocá-lo no mercado.
Também, se estranha
1) porque
é que sendo um negócio, aparentemente, muito apetecível para qualquer investidor só tenha
surgido uma única proposta de compra;
2)
porque que é que a identidade do comprador não foi divulgada pela direção
acabando por ser revelada pelo Notícias de Coimbra;
3) porque
é que a escritura da operação foi efectuada num ápice (poucas horas depois de terminar a Assembleia
Geral num cartório em Tábua) o que, obviamente, pressupõe que todo o processo
já estaria previamente preparado;
4)
porque é que no comunicado/resposta da Direção à proposta de José Eduardo
Simões não foi dito de forma clara, objectiva e transparente, para conhecimento
do interessado e, sobretudo, dos sócios, que o assunto estava encerrado porque
a escritura publica de venda do imóvel já tinha sido efectuada no dia 17 de Dezembro.
Finalmente,
"a cereja no topo do bolo"!
De acordo com a escritura publica de compra e venda do imóvel (ver imagem) os membros da Direção intervieram nesta escritura em representação da AAC/OAF “resultando tal qualidade e suficiência de poderes de uma ata da Assembleia Geral de dezasseis de Dezembro de dois mil e dezasseis”
De acordo com a escritura publica de compra e venda do imóvel (ver imagem) os membros da Direção intervieram nesta escritura em representação da AAC/OAF “resultando tal qualidade e suficiência de poderes de uma ata da Assembleia Geral de dezasseis de Dezembro de dois mil e dezasseis”